Manuel da Fonseca
(Santiago do Cacém, 15/10/1911 – 11/03/1993)
Manuel da Fonseca (nome constante da certidão de nascimento: Manuel Lopes Fonseca) nasceu em Santiago do Cacém a 15 de Outubro de 1911, no seio de família oriunda de Castro Verde e de Cercal do Alentejo, “numa casa de rés-do-chão, defronte das Escadinhas da Senhora do Monte, com uma larga vista que corre por um grande vale até ao mar”. [1]
Depois da instrução primária, foi para Lisboa continuar os seus estudos, tendo frequentado o Colégio Vasco da Gama, o Liceu Camões, a Escola Lusitânia e a Escola de Belas-Artes. Nas férias, regressava a Santiago do Cacém (Cerromaior, nas suas obras). Dizia que Lisboa levou-o “a gostar ainda mais do Alentejo, do meu Alentejo. Tudo é o contrário desse Alentejo, e por isso eu aprendi a gostar ainda mais dele.”[2]
Exerceu actividades muito diversificadas, na área do comércio, da indústria, da imprensa e da publicidade. Dedica-se também ao desporto (futebol, espada , florete e até boxe). Afirmou: “Comecei a escrever porque de tudo o que já experimentara era o melhor que fazia.”[3]
A sua obra é fortemente autobiográfica, pois as personagens e a realidade que recriou estão intimamente ligadas a experiências vividas. “Respirando e vivendo as memórias do Alentejo, este é, na verdade, parte de um todo, e Santiago é o espaço do conhecimento e tempo da revelação, memórias indeléveis do seu primeiro mundo. A infância, a adolescência e o mítico Largo serão condicionantes da sua criatividade, observáveis em qualquer dos seus livros.”[4]
“É de notar (…) a limpidez das imagens, sem retórica ideológica (apesar de a ideologia lá estar, no interior da mensagem do poema), sugerindo todo um microcosmo único de beleza natural, a do Alentejo, e também de pequenas frustrações sociais quotidianamente sentidas, em segredo.”[5]
Foi um dos pioneiros da poesia neo-realista, com a publicação em 1940 de Rosa dos Ventos, e um dos mais notáveis contistas do Neo-Realismo.
Dedicou-se também ao romance, com Cerromaior e Seara de Vento. Escreveu ainda para vários jornais.
Faleceu a 11 de Março de 1993 e repousa no cemitério do Castelo de Santiago do Cacém.
Obras [6]: Rosa dos Ventos, poesia, 1940; Planície, poesia, 1941;Aldeia Nova, contos, 1942; Cerromaior, romance, 1943; O Fogo e as Cinzas, contos, 1951; Nortada, contos; 1952; Seara de Vento, romance, 1958; Poemas Completos (inclui: Rosa dos Ventos, Planície e Poemas Dispersos), 1958; Um Anjo no Trapézio, contos, 1968; Tempo de Solidão, contos, 1973; Antologia de Fialho de Almeida, 1984; Crónicas Algarvias (crónicas de viagem publicadas já anteriormente em A Capital, de 1 a 16 de Agosto, 1968), 1968. Os seus contos foram profusamente publicados no estrangeiro e em antologias nacionais.
[1] In Manuel da Fonseca: O escritor igual ao homem, pequeno texto de Artur da Fonseca, 2004
[2] In Expresso, 20 de Março de 1993 (data da publicação da sua última entrevista)
[3] Ibidem
[4] In Dicionário Cronológico de Autores Portugueses Volume IV, Organizado pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, Mem Martins: Publicações Europa-América, 1998, pp.458-459.
[5] In Dicionário de Literatura Portuguesa, organização e direcção de Álvaro Manuel Machado, Lisboa: Editorial Presença, 1996, p. 200.
[6] In Dicionário Cronológico de Autores Portugueses Volume IV, Organizado pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, Mem Martins: Publicações Europa-América, 1998, p. 461.
António Chainho
(São Francisco da Serra, 1938 – …)
O guitarrista António Chainho nasceu em São Francisco da Serra, Santiago do Cacém, em 1938. Aos sete anos começou a tocar guitarra portuguesa e aos dez já reproduzia fados de Amália Rodrigues, que ouvia na rádio. Aos 13 apresentava-se ao público.
Foi depois de cumprir o serviço militar que ficou a viver em Lisboa, onde iniciou a sua carreira. Para trás ficava a vida no café dos pais, onde aos oito anos começou a trabalhar.
Estreou-se na casa de fados “A Severa”, inspirado em Armandinho. Seguem-se “O Faia”, “O Folclore” e “O Picadeiro”, de que foi dono.
Maria Teresa de Noronha, Lucília e Carlos do Carmo, António Mourão, Hermínia Silva são alguns dos nomes com quem trabalhou, marcando a história da música portuguesa duma época.
Actuou em palcos de todo o mundo, partilhando protagonismo com Paco de Lúcia ou John Williams. Gravou com a Orquestra Sinfónica de Londres, com José Afonso e Rão Kyao. A sua guitarra acompanhou as brasileiras Gal Costa e Fafá de Belém, a espanhola Maria Dolores Pradera e a japonesa Saki Kubota, além de José Carreras. Em “A Guitarra e Outras Mulheres”, gravou com Teresa Salgueiro, Filipa Pais, Elba Ramalho, Marta Dias, Ana Sofia Varela e Nina Miranda. Gravou no Brasil com Jaques Morelenbaum e Celso Fonseca. Maria Bethânia convidou-o para uma digressão.
António Chainho afirmou-se como um dos mais importantes nomes da guitarra portuguesa em Portugal, conseguindo uma harmonia entre tradição e modernidade.
Frei André da Veiga
(Santiago do Cacém, 1472 – Santarém, 1/04/ 1584)
Natural de Santiago do Cacém, onde nasceu no ano de 1474, foi chamado à missão de padre e frade da Ordem Terceira de São Francisco de Assis. Mostrou ser um aluno aplicado e tornou-se um latinista e humanista de renome. Por ordem dos superiores, dedicou-se ao ensino.
A fama da sua sabedoria ultrapassou as fronteiras da sua região. Abriu escolas em Setúbal, Santiago do Cacém e Portalegre. Ensinou também em Coimbra, Porto e Santarém. Dele foram discípulos os bispos de Coimbra, D. Afonso de Castelo Branco, e de Portalegre, D. André de Noronha. A sua piedade e virtuosidade conquistaram a consideração de todos.
Faleceu em Santarém, no convento de Santa Catarina, a 1 de Abril de 1584, com 112 anos, e foi sepultado na parede da capela da Senhora da Saúde, na mesma cidade.
Reconhecido pelo seu esforço exemplar, foi declarado Patrono da Escola, primeiramente, pela Câmara de Santiago do Cacém, quando no ano de 1969 resolveu criar a Escola Preparatória Frei André da Veiga, e mais tarde, em 31 de Maio de 1995, quando foi emitido o Despacho 70/SSEAM/95, que determina: “A Escola do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico de Santiago do Cacém passa a denominar-se Escola do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico Frei André da Veiga de Santiago do Cacém”.
Chlöe Mac Millan
(Sidney, 1911 – Santiago do Cacém, ?)
Nascida na Austrália, em Sidney, em 1911, Chlöe Mac Millan vem estudar pintura para a Europa nos anos 30. Passou pela Bélgica, Inglaterra e França. Durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1941 e 1944, interrompeu a sua carreira profissional e chegou a Portugal pela primeira vez, trabalhando na Embaixada Britânica, em Lisboa.
Regressou a Portugal em 1972 e retomou a pintura com o objectivo de investigar e analisar a arquitectura popular portuguesa. Em 1976 adquiriu um moinho de vento em Santiago de Cacém, restaurando e transformando-o em atelier de pintura.
Mac Millan destacou-se pela sua sensibilidade e empenho em registar nos seus quadros as vivências do povo, a paisagem, a arquitectura e, sobretudo, a claridade própria de Portugal.
Com a sua fixação a Santiago de Cacém, onde passou uma boa parte da sua existência, Mac Millan soube retratar a cidade, desvelando os encantos da região. Nas ruínas romanas, nas igrejas, nas ruas de Santiago, nos fontanários, nos montes, nos moinhos… impregnou os seus testemunhos artísticos de traços e cores de um património inestimável.
Foi distinguida em 1989 com a medalha de mérito do município de Santiago de Cacém. A partir de 1984, os seus trabalhos foram expostos por várias vezes na sala de exposições temporárias do Museu Municipal, onde expôs pela última vez, em Junho de 1999.
Ti Manel Zé do Tojal
(Santiago do Cacém, 1905 – 2001)
Considerado um dos maiores poetas populares da região, Manuel José Santinho nasceu em 1905, na freguesia de Santo André. Foi objecto de estudo de muitos investigadores, o que lhe valeu uma considerável divulgação na comunicação social, a redacção de obras académicas sobre o seu trabalho e uma projecção nacional.
As suas composições, tipicamente românticas, impregnadas de cultura popular e expressões e vocábulos de origens rurais, apresentam uma força expressiva objectiva, sem maneirismos de qualquer natureza, revelando um talento e intuição poética de grande riqueza. O seu verso, regido por uma estrutura simples, demonstrava um lirismo encantador e um tom melódico e rítmico intenso.
Reconhecendo a importância desta figura popular, a liga dos Amigos de Santo André (LASA) instituiu, a partir de Outubro de 2003, com características de evento bienal, o Prémio de Poesia Popular “O Canto do Tojal”.
Este poeta é um dos muitos exemplos de figuras populares a retratar a alma das gentes da região, com louvável improvisação, nos mais variados temas: amor, sofrimento, tristeza, solidão, sentimentalismo, amor à terra, lirismo, vícios e defeitos humanos, quotidiano campesino e até a História, tanto em quadras soltas, como em quintilhas, sextilhas ou outras estruturas.
Manuel José Santinhos morreu aos 96 anos e tinha na memória todos os seus poemas, que foram publicados em livro graças à carolice de alguns amigos.
Alda Guerreiro Machado
(Santiago do Cacém, 1878 – ?, 1943)
Oriunda de uma família com tradição no campo das artes e letras (seu pai era pintor), Alda Guerreiro Machado nasceu em Santiago do Cacém, em 1878. O seu ambiente familiar favoreceu o desenvolvimento de uma grande sensibilidade e espírito crítico social, tornando-se uma notável poetisa.
A sua obra não foi ainda compilada e publicada em livro, encontrando-se, por isso, dispersa por jornais e revistas da época, num estado de verdadeiro esquecimento.
Alda Guerreiro viveu numa época de agitação política, na sequência das lutas partidárias – desde o regicídio do Rei D. Carlos, passando pela implantação da República até ao período conturbado que se seguiu. Pertenceu à geração dos intelectuais do séc. XIX e, tal como eles, aderiu à causa republicana.
O seu nome ficou também ligado ao ensino, tendo fundado inclusivamente uma escola primária em sua casa. O Centro de Actividades Pedagógicas Alda Guerreiro, em Vila Nova de Santo André, perpetua o reconhecimento que lhe é devido.
Manuel João da Silva
(Sines, 1923 – Santiago do Cacém, 2002)
Nascido no concelho de Sines, a 1 de dezembro de 1923, o professor e escritor Manuel João Silva radicou-se posteriormente em Santiago do Cacém, em 1960. Começou por trabalhar na agricultura ainda novo (com menos de 10 anos), mantendo-se nesta área até aos 25 anos.
Foi mais tarde professor do 1º ciclo do ensino básico e um autodidacta que procurava sempre saber um pouco mais para melhor ensinar. Exerceu o professorado como regente escolar – antigo estatuto do professor que não possuía o curso do Magistério Primário, que viria a concluir em 1971 – para além de ter sido empregado de escritório na área comercial, entre outras actividades que entretanto desempenhou.
Manuel João Silva colaborou também no jornal regional “A Gazeta do Sul”, editado no Montijo. Mostrou ser um grande conhecedor da cultura local e realizou inúmeras pesquisas históricas e etnográficas, com a preocupação de preservar a cultura e a tradição populares, de que resultaram muitos trabalhos que o município de Santiago do Cacém tem vindo a divulgar: “A Riqueza dos Falares Regionais I”; “O Mastro da Fonte Loba”; “Pobrezinhos e Malteses de Porro e Manta”; “Como era a Vida em Casa do Lavrador Boieiros e Ganhões”; “Toponímia das ruas de Santiago de Cacém”; “Breve História e Ermidas no Tempo e no Espaço” e “Feiras tradicionais do Município de Santiago do Cacém”.
A vida dos trabalhadores rurais, a história local e todo o património oral da região têm um papel central nas suas obras. Dedicou-se também à poesia.
Henrique Mourato
Henrique Mourato, pintor, escultor, desenhador e gravador, nasceu em Santiago do Cacém a 10 de Maio de 1947.
Mestrado em Belas Artes.
Comendador da Ordem de São Miguel de Ala.
Começou a pintar em Almada, começando na mesma altura a frequentar o Atelier da Costa da Caparica de Manuel Cargaleiro, assim como o atelier de Artur Bual na Amadora realizou a sua primeira exposição em 1967 em Almada.
Tem o Curso de Gravura na Cooperativa Nacional de Gravadores,
Tem exposto individual e colectivamente desde 1967, contando no seu curriculum com inúmeras exposições. Tem exposto internacionalmente na Itália, França, Espanha, Alemanha, Reino-Unido, Polónia, Japão e Brasil entre outros.
Conta com alguns prémios e menções honrosas.
Esta representado em museus tais como:
Museu de Arte Contemporânea – Sabugal; Museu Francisco Tavares Proença Júnior; Museu Municipal Santiago do Cacém; Museu Municipal Portalegre; Museu Municipal Escultor Martins Correia; Museu Biblioteca Marquês de Pombal; Museu Municipal Manuel Cabanas; Museu Angra do Heroísmo – Açores; Graceland – Elvis Museum (Memphis – U.S.A).
Assim como em Organismos Públicos como:
Fundação Mário Soares – Lisboa; Governo Regional dos Açores; Consulado Português na Praia – Cabo Verde; Universidade dos Açores – Sala de Estudos Nemesianos; Casa Fernando Pessoa – Lisboa; Escola Superior de Dança – Lisboa; Biblioteca Municipal Camões – Lisboa; Biblioteca Municipal David Mourão – Ferreira – Lisboa; Biblioteca Municipal de Santiago do Cacém; Biblioteca Fórum Romeu Correia – Almada; Associação Agostinho da Silva – Lisboa; Associação de Escritores Portugueses – Lisboa; Associação Cultural Encontros da Eira – Madeira; Associação 25 de Abril – Lisboa e Pinacoteca do Ayuntamiento de Ciudad Rodrigo – Espanha.
Ao longo deste 40 anos de carreira artística ilustrou mais de 200 capas e livros. Foi e é Ilustrador e Colaborador de muitos vários jornais e revistas nacionais e estrangeiros e ainda jornais on-line e blogs.
Autor de cenários para peças de teatro e bailados, tendo feito um cenário para a Escola Superior de Dança, apresentar na Expo 98.
É autor de uma dezena de esculturas ao Ar livre na região de Coimbra e de painéis de azulejos públicos espalhados pelo nosso país.
Vem representado em inúmeros livros e dicionários de Arte Plásticas quer nacionais quer estrangeiros.
Em 2006 foi-lhe atribuído o título de Comendador Patrono dos Museus do Vaticano, pelos serviços prestados a Cultura.
Em 2008 foi atribuído o título de Comendador da Real Irmandade de São Miguel de Ala, pelas e actividades humanitárias que tem realizado ao longo de décadas.
Conta ainda com os títulos de Barão de Santiago do Cacém, (reconhecido pela Casa Real desde 2006)
Cavaleiro Honorário da Real Irmandade de São Miguel de Ala, título atribuído por S.A.R D. Duarte Pio de Bragança em 2003.
Eduardo Olímpio
Eduardo Olímpio, de seu nome completo, Eduardo Olímpio Estulano Espada é natural de Alvalade-Sado, onde nasceu em 1933.
Foi seareiro de arrozais, caixeiro, jogador profissional de futebol, recepcionista no hotel, tradutor, editor e livreiro, entre muitas outras actividades que muito o enriqueceram de experiências de vida e de vivências humanas.
Dedica-se à escrita a tempo inteiro, sendo autor de várias obras de prosa e poesia com destaque: “António dos olhos tristes”,”Arável memória”, “O comboio do Estoril, “Como quem leva ao ombro a vida toda”, “Éramos oito na pensão Celeste”, “Um girassol chamado Beatriz”, “A senhora dona casa e o senhor automóvel”, “Uma porta para o Alentejo”, “H. Mourato: do desenho ao guache e serigrafia”, “As esmolas do mendigo”, “Enlouqueço amanhã”, “O Franco Atirador”, “Às cavalitas do tempo”, “A menina da carreira de Manique”, “Dava respostas lindas”, “Moça querida”.
Livros Infantis: “O gato Tarzan” e “Ternura, memórias”.
Domingos Carvalho
Domingos Carvalho, filho de pequenos lavradores, cresceu em Alvalade-Sado, longe dos estabelecimentos de ensino secundário só existentes na Capital do Distrito, que por óbvias razões não pôde frequentá-los em idade própria. Apenas o recurso a aprendiz de caixeiro que, nesses maus tempos, se considerava um miraculoso “achado”. Não se conformando com essa preparação elementar de limitados horizontes decidiu, em comunhão de causa, juntar-se a outros colegas e Amigos também interessados em adquirir algumas noções de Cultura Geral, socorrendo-se do ensino ministrado por escolas mais avançadas, utilizando lições por correspondência.
Mais tarde, já em Lisboa, prosseguiu os ambiciosos estudos enfrentando, com determinação, as limitações conjunturais. Estudou, portanto, o que pôde e como pôde em situações difíceis,fora dos registos oficiais. Profissionalmente, continuou a vida comercial com algum sucesso, alcançando gerências de sua própria conta. Mas nem por isso se afastou dos ideais emancipadores aflorados em plena adolescência. Pelo contrário,com outro desafogo económico, mais se entregou ao combate contra as injustiças do regime corporativo e fascista.
Participou, pode dizer-se que activamente, em todos os Movimentos Democráticos de oposição ao governo de Salazar
e Caetano; daí, algumas prisões sofridas. Em 1957, no auge das perseguições políticas, integrou a lista de candidatos à Assembleia Nacional pelo Círculo de Lisboa, cuja preparação decorreu de diversas reuniões na sede da Revista “Seara Nova”.
Desenvolveu os maiores esforços na candidatura do Dr. Arlindo Vicente à Presidência da República e, em tempo oportuno, aderiu à convenção entre candidatos fixando-se na candidatura única,representada pelo General Humberto Delgado. A sua actividade nesta reforçada luta pela conquista da Democracia, ficou marcada por exaustivas diligências conducentes à unificação. Acompanhou o candidato Dr. Arlindo Vicente em missão de propaganda pelo Sul do País e foi, dias depois, um dos signatários do chamado “Acordo de Almada”, subscrito em reunião’ efectuada na residência do General, provisoriamente.
Como dirigente Cooperativista esteve ligado, durante muitos anos,ao Movimento cimeiro do cooperativismo e desempenhou, como representante da “sua” cooperativa (Caixa Económica Operária),funções de delegado à União das Cooperativas (UNICOOPE), então existente.
Após o simulacro eleitoral de 1958, integrou, também, a comissão entre candidaturas, com a finalidade de robustecer a continuidade da luta contra o regime pernicioso que flagelava o Povo Português. Essa comissão, foi presidida pelo Dr. Mário Soares que, por sua vez, escolheu para a Comissão de Honra o prestigiado historiador Doutor Jaime Cortesão e os ilustres Professores Vieira de Almeida, Azevedo Gomes e António Sérgio que, logo a seguir, foram encarcerados pela PIDE.
Com um processo disciplinar foi “distinguido” o General Humberto Delgado. Por essa altura subscreveu a carta que o Dr. Mário Soares endereçou à Policia Política, exigindo a libertação das Entidades componentes da Comissão de Honra oferecendo-se, ele próprio, como refém. Muito pressionada, a PIDE, libertou sob fiança todos os membros da Comissão mas proibiu a entrada do Líder Trabalhista Inglês, Bevan, que fora convidado a fazer algumas conferências em Lisboa, quando o Estadista já se encontrava no Aeroporto.
Assinou (com outros companheiros de jornada), a carta dirigida a Salazar, para que se demitisse e deixasse o País e o Povo em Paz. Após o 25 de Abril foi por duas vezes candidato a deputado pelo círculo de Lisboa, em representação dos comerciantes democratas (Pequenas e Médias Empresas), defendidas pelo PCP. Possui a medalha de Mérito Concelhio entregue em Sessão Solene pela C.M. de Santiago de Cacém, vereação de 1984, e a categoria de sócio benemérito da Casa do Alentejo, concedida em Assembleia extraordinária realizada para o efeito.
Manuel Geraldo
Augusto Deodato Guerreiro
Augusto Deodato Guerreiro, filho de Manuel Guerreiro Paulo e de Ana Maria, nasceu de facto a 17 (de jure a 23) de Janeiro de 1949, na freguesia de Alvalade (herdade da Olhalva), no concelho de Santiago do Cacém e Distrito de Setúbal.
Licenciado em História pela Universidade Clássica de Lisboa, Pós-graduado com o Curso de Especialização em Ciências Documentais pela Universidade de Coimbra, Doutor em Ciências Documentais, na Especialidade Pesquisa da Informação, pela International University for Third Age, de Lisboa, Doutor em Ciências da Comunicação, na especialidade Comunicação e Cultura, pela Universidade Nova de Lisboa. Técnico Superior (Biblioteca e Documentação) Assessor na Câmara Municipal de Lisboa, Investigador e Professor universitário.
Tem vindo a fomentar e a desenvolver acções de índole científico cultural nos domínios das Ciências Documentais e Ciências da Comunicação, da História, Literatura, Tiflologia e Deficiência em geral, da Gerontologia e Antropociência, bem como a proferir conferências (em Portugal e no estrangeiro) e a publicar artigos – cerca de 200 – sobre as matérias supra-referidas e livros nos âmbitos da Literatura, das Ciências Documentais e das Ciências da Comunicação – 15 títulos, dos quais 6 em co-autoria e 3 com prefácio seu, e tendo sido galardoado com o Prémio de Mérito Científico (SNRIPD) na área das Ciências da Comunicação.
Obras publicadas: “Bouquet de antinomias: a um mundo novo,vivo, livre e são”, “Eu – criança: pequenos contos para pensar”,“Nas asas dos sentidos”, “Para uma nova comunicação dos sentidos: contributos da tecnologização da tiflografia para a ampliação dos processos comunicacionais”, “Novas bibliotecas,novos serviços: actas”, “Vértice”. “Para uma biblioteca universal: biblioteca e sociedade inclusivas”, “Vigília: prosa e poesia”.
Martim Soares Moreno
(Santiago do Cacém, c.1586 — Portugal, após 1648)
Martim Soares Moreno, Capitão-mor do Ceará (Santiago do Cacém, c.1586 — Portugal, após 1648), foi um militar português que defendeu os interesses da coroa lusitana no Brasil, com o objetivo de que todos os países europeus reconhecessem o Tratado de Tordesilhas. É considerado o fundador do atual Ceará.
Martim Soares Moreno nasceu em 1586 (ou talvez 1585) na cidade de Santiago do Cacém em Portugal. Era filho dos portugueses Martim de Loures Moreno e Paula Ferreira Soares. Seu tio, Diogo de Loures Moreno diz que “mui pequeno o havia mandado com Pero Coelho de Sousa, para que servindo naquela entrada aprendesse a língua dos índios, e seus costumes, dando-se com eles, e fazendo-se seu mui familiar, e parente, ou compadre, como eles dizem”. Participou da expedição de Pero Coelho ao Ceará em 1603 e acabou por se tornar, anos mais tarde (1612), o virtual fundador daquela capitania. Na margem direita da foz do rio Ceará, com a ajuda de índios Potyguaras e seus soldados, construiu o Fortim de São Sebastião e uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Amparo.
No mesmo ano foi, a mando de Jerónimo de Albuquerque Maranhão, reconhecer o Maranhão, ocupado pelos franceses, que haviam sublevado o gentio daquela terra. De regresso, entretanto, o seu navio foi jogado pelos ventos às Antilhas. Em 1614 estava em Sevilha, na Espanha.
No ano seguinte, já capitão, retornou ao Maranhão, junto com um reforço de 900 homens, que tornaram possível a expulsão definitiva dos franceses e a captura da cidade de São Luís. Em 1616 foi capturado em alto mar por um navio corsário francês, após violento combate, que o deixou seriamente ferido, com uma cutilada no rosto e uma mão a menos. Nessa embarcação foi reconhecido por familiares das vítimas do Maranhão e foi preso. Ao chegar a França foi julgado e ficou preso até 1618.
Foi repatriado para Portugal no mesmo ano, graças a negociações diplomáticas. Escreveu uma carta patente a 26 de Maio de 1619 fez mercê da capitania do Ceará a Martim Soares Moreno, em atenção aos seus serviços. Em 1624 e 1625, repeliu os ataques de duas naus holandesas.
Em 1630 deu-se a invasão holandesa de Pernambuco. Martim Soares, partiu do Ceará com uns poucos índios e soldados e chegou ao Arraial do Bom Jesus em Junho de 1631. Na fase inicial da luta, tomou parte no bloqueio das forças holandesas instaladas no Recife e Olinda. Destacou-se sempre, como combatente e intérprete junto dos índios. Nos anos seguintes, tomou parte na defesa da Paraíba e de Cunhaú (na capitania do Rio Grande).