A Capela de São Jorge e a Casa de Chá da Tapada do Castelo, em Santiago do Cacém, vão albergar o primeiro Centro UNESCO em Portugal destinado à salvaguarda e valorização do património cultural religioso. O protocolo para a criação do espaço foi assinado no dia 19 de julho, na Sala de Sessões da Sede do Município.
Os edifícios para o Centro UNESCO para a Arquitetura e a Arte Religiosas foram cedidos pela Câmara Municipal de Santiago do Cacém e o protocolo foi assinado pela Comissão Nacional Portuguesa da UNESCO, pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, pela Pedra Angular – Associação dos Amigos do Património da Diocese de Beja e pela Real Sociedade Arqueológica Lusitana.
Álvaro Beijinha, Presidente da CMSC, reconhece “uma importância muito grande” na criação deste Centro. “Termos a chancela da UNESCO em Santiago do Cacém é motivo de orgulho. Esta é uma parceria entre várias entidades, onde a CMSC também se integra, embora não seja subscritora do protocolo, mas disponibilizou os edifícios para sediar o Centro. É o reflexo também da longa parceria que nós temos tido com Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja”.
O Presidente da CMSC ressalva a “disponibilidade total para abraçar este projeto” manifestada pela autarquia “desde a primeira hora”. Para que a implementação do Centro se efetive, ainda há trabalho a fazer, nomeadamente “na recuperação da Casa de Chá e da Capela de São Jorge, que foram intervencionadas pela Câmara há uns anos atrás. Contudo, na altura, não foi possível a recuperação dos seus interiores e hoje, com este projeto, também temos essa mais-valia. São edifícios que representam um momento histórico importante em Santiago do Cacém, no início do século XX. Estamos também, desta forma, a contribuir para a valorização desse património”, destaca Álvaro Beijinha.
José António Falcão, Diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, destaca o pioneirismo do Centro. “É a primeira vez que se cria, no nosso país, um Centro UNESCO especificamente destinado à salvaguarda e valorização do património cultural religioso. A arquitetura e a arte religiosas vão ser o grande objetivo deste Centro, que visa, sobretudo, a disseminação de boas práticas e também a partilha da própria experiência que o Alentejo tem vindo a realizar neste domínio da proteção, da conservação e da promoção das suas igrejas históricas, mas também de outros patrimónios de caráter religioso”.
A escolha de Santiago do Cacém para a localização do Centro prende-se com o facto de ser “uma das terras que tem vindo a colaborar há mais tempo com o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja. É um trabalho consolidado. Além disso, sendo a Diocese de Beja uma diocese que toca dois distritos – Beja e a zona sul de Setúbal – pareceu-nos que fazia todo o sentido que este Centro UNESCO pudesse estabelecer-se aqui”, sublinha José António Falcão.
A representação da Comissão Nacional da UNESCO no protocolo esteve a cargo do Ministro plenipotenciário Jorge Lobo de Mesquita. O responsável destaca “o empenho das entidades em criar um organismo que polarize, mobilize e dinamize a reabilitação de património, que tem uma grande ocupação neste espaço. É necessário concentrar recursos e saberes para esta salvaguarda e colocar Santiago do Cacém numa cartografia da cultura da paz e da defesa da identidade, com um projeto que ligue o passado e o futuro”.