Preocupado com a decisão das entidades competentes de não abrir este ano ao mar a Lagoa de Santo André, o Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, contactou hoje com o Secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, Engº. João Catarino, para apelar ao Governo para as consequências que esta decisão pode vir a ter nas vidas dos pescadores, das suas famílias e para a economia local. O Secretário de Estado garantiu ao autarca que irá avaliar a situação e que na próxima semana entrará em contacto para dar conhecimento da decisão tomada.
Recorde-se que abertura da Lagoa estava programada para meados de março, mas a situação de Estado de Emergência devido à pandemia por Covid-19 levou ao seu adiamento para o início de abril. A APA entidade responsável pela abertura da Lagoa, pediu o parecer vinculativo ao Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF), que emitiu um parecer desfavorável, evocando que a abertura da Lagoa neste período iria afetar a nidificação de uma espécie de aves.
A Câmara Municipal de Santiago do Cacém fez chegar as preocupações à APA para que esta decisão fosse reconsiderada.
Entretanto, a comunidade residente junto à Lagoa de Santo André lançou uma petição, com o qual o Presidente da Câmara Municipal, Álvaro Beijinha, e o Presidente da Junta de Freguesia de Santo André, David Gorgulho se solidarizam. No texto da petição, que está disponível on-line, é exigido “que seja reconsiderada, com caráter de urgência, a decisão da não abertura da Lagoa ao mar enquanto os benefícios para atividade piscatória ainda se revelam evidentes, em defesa da dignidade, da história, da cultura e da arte piscatória que jamais queremos que acabe, em memória de todos os que já partiram e dos que continuam a lutar todos os dias, mesmo em condições cada vez mais adversas.
Defendemos a NLSAS e todas as preocupações inerentes à fauna e flora locais. Mas também defendemos, mais do que tudo, a dignidade humana e um equilíbrio que é fundamental entre os domínios humano e ambiental. Acreditamos que juntos, em harmonia, ainda podemos “resgatar” a nossa Lagoa e honrar os nossas antepassados!” mais adiantam que, “a par de algumas aberturas da Lagoa de Santo André ao mar que por diversos fatores não correram pelo melhor nos últimos anos (muitas vezes por não se consultar os pescadores locais, exímios conhecedores do “terreno” e das suas dinâmicas), a atividade piscatória tem sido seriamente lesada, caminhando a passos largos para uma extinção precoce, que os habitantes e amantes da Lagoa de Santo André não podem e não vão aceitar.”