O Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, e o Presidente da Junta de Freguesia de Santo André, David Gorgulho, manifestaram a sua indignação perante a decisão das entidades competentes de não abrir este ano ao mar a Lagoa de Santo André. Os autarcas estão preocupados quanto às consequências que esta decisão pode vir a ter nas vidas dos pescadores, e das suas famílias, assim como em toda a economia local.
A abertura da Lagoa estava programada para meados de março, mas a situação de Estado de Emergência devido à pandemia por Covid-19 levou ao seu adiamento para o início de abril. Álvaro Beijinha explicou que “a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para realizar a abertura necessita do parecer do Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF), que é vinculativo. Quando foi solicitado ao ICNF pronunciar-se sobre a nova data esta entidade emitiu um parecer desfavorável, evocando que a abertura da Lagoa neste período iria afetar a nidificação de uma espécie de aves. Acrescentando, a entidade, que os malefícios provocados pela abertura da Lagoa, a essa espécie, seriam superiores aos benefícios que esta operação traz à Lagoa de Santo André todos os anos.”
Para o Presidente da Câmara Municipal este parecer “prejudica a comunidade piscatória e toda a atividade económica que resulta da pesca, como a da restauração, estendendo-se ainda às pessoas que frequentam a Lagoa e a praia.” Para Álvaro Beijinha “esta situação vem juntar-se à registada o ano passado em que a Lagoa só esteve aberta ao mar por poucas horas.”
A Câmara Municipal de Santiago do Cacém fez chegar este conjunto de preocupações à APA para que esta decisão fosse reconsiderada, “mas a resposta que recebemos é que o ICNF mantém a mesma posição, o que é lamentável e nos deixa pouco confiantes quanto ao futuro”, refere o autarca.
O Presidente da Junta de Freguesia de Santo André, David Gorgulho, afirmou que “compreende a situação, mas há um fator que não pode ser deixado ao acaso que são as pessoas, principalmente os pescadores e a restauração, parte muito importante da economia local, que dependem da existência de condições favoráveis na Lagoa de Santo André que, todos os anos, é trazida pela abertura ao mar.” Defendendo, “sem prejuízo das questões levantadas pelo ICNF, um equilíbrio que privilegiasse a preservação da avifauna e do meio ambiente da Reserva Natural, que é uma mais-valia para o nosso Concelho, e as pessoas que necessitam da Lagoa, assim como a nossa economia.”
A abertura da Lagoa de Santo André ao mar é um procedimento fundamental do ponto de vista ambiental para a renovação do sistema lagunar de extrema importância para o habitat das várias espécies que aqui vivem, desde os peixes às aves migratórias.