A Câmara Municipal de Santiago do Cacém assinalou, dia 1 de dezembro, o centenário do nascimento do professor Manuel João da Silva, cujo trabalho de recolha e de pesquisa foram essenciais para preservar e divulgar a identidade das gentes do Município. A cerimónia contou com a inauguração de um Monumento Evocativo, localizado na Rua com o nome do homenageado, em Santiago do Cacém, e da Exposição Evocativa “Manuel João da Silva – Riquezas dos Falares Regionais”, na Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca.
Estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, as Vereadoras, Sónia Gonçalves e Mónica Pires de Aguiar, a Presidente da Assembleia Municipal, Paula Lopes, a Presidente da Junta de Freguesia da União das Freguesias de Santiago do Cacém, Santa Cruz e São Bartolomeu da Serra, Isabel Contente, as filhas de Manuel João da Silva, Maria Guilhermina Vicente e Maria Teresa Silva, a artista que concebeu o Monumento Evocativo, Raquel Ventura, entre amigos e admiradores do trabalho do homenageado.
O Presidente da Câmara Municipal, Álvaro Beijinha, destacou “o enorme trabalho de recolha etnográfica” realizado pelo professor ao longo da sua vida, “que revelou o que são as nossas gentes, a cultura, as tradições, no essencial a nossa identidade”. Para Álvaro Beijinha o professor é “uma das grandes personalidades do Concelho e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para o homenagear, embora saibamos que nunca conseguiremos atingir a grandeza do seu legado.”
As filhas de Manuel João da Silva, Maria Guilhermina Vicente e Maria Teresa Silva, recordaram um homem que “queria sempre conhecer, passava muito tempo a ler e a pesquisar, com o seu caderno onde apontava tudo que o interessasse.” As duas descendentes tomaram a iniciativa de oferecer ao Arquivo Municipal de Santiago do Cacém o riquíssimo espólio “que ainda não foi partilhado, mas que tem de ser dado a conhecer, pois reúne preciosidades sobre a vida, não só no mundo rural, como das aldeias, das vilas e da cidade de Santiago do Cacém.” Agradeceram, emocionadas, a homenagem prestada ao seu pai, “deixou-nos emocionadas, porque não estávamos à espera” e “sabendo o homem humilde que era, decerto a dedicaria a todos os amigos que teve ao longo da sua vida.”
O Monumento Evocativo, criado por Raquel Ventura, pretende traduzir o homem simples, “mas que tinha um horizonte imenso, por isso a cor azul que representa o céu, os traços a preto e branco seguem a mesma ideia de alguém que não apreciava adornos,” explicou a artista. O Monumento tem ainda um pequeno degrau, “que permite que nos sentemos e quem sabe contar uma história, como ele tanto gostava de ouvir. Tem também escritas algumas das expressões que o professor recolheu e deixou para as gerações futuras.”
O professor Manuel João da Silva era um profundo conhecedor da cultura local, em especial do concelho de Santiago do Cacém, destacou-se pelas várias investigações sobre os falares regionais. A vida dos trabalhadores rurais, a história local e todo o património oral da região têm um papel central nas suas obras. Listou mais de mil expressões regionais que não se encontravam em nenhum dicionário. Obras que foram editadas pela Câmara Municipal de Santiago do Cacém e ilustradas por José Luís Antunes.
A Exposição “Manuel João da Silva – Riquezas dos Falares Regionais” estará patente até 30 de dezembro, na Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca, em Santiago do Cacém, e inclui excertos mais representativos e pitorescos dos livros do professor e que deixam os leitores, sem dúvida, bem-dispostos. Para enriquecimento visual da exposição foram integrados vários desenhos de José Luís Gonçalves, que foi ilustrador de todos os livros de Manuel João da Silva, e desenhos estilizados da autoria de Ricardo Martins. No decorrer do mês de dezembro, no âmbito da exposição, a Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca oferece aos seus visitantes livros da autoria do professor Manuel João da Silva.
A iniciativa contou com a atuação do Ensemble de Guitarras da Escola de Municipal de Música de Santiago do Cacém, dirigida pelo professor Pedro Ramos.