A iniciativa Viver (com) a escrita juntou, dia 27 de outubro, o escritor Afonso Cruz e alunos do 12.º ano da Escola Secundária Manuel da Fonseca, em Santiago do Cacém, para um encontro onde os livros, ler e a imaginação foram temas de conversa. Aos alunos participantes foi oferecido o livro do autor “O Vício dos Livros”.
Estes encontros e diálogos entre escritores e alunos, dos quatro agrupamentos de escolas do Concelho, são promovidos pela Câmara Municipal de Santiago do Cacém e contam com o apoio da Fundação Caixa Agrícola Costa Azul, que financia a aquisição dos livros, dos diferentes escritores convidados, para serem oferecidos aos alunos participantes.
A Vereadora da Cultura e da Educação, Sónia Gonçalves, sublinhou “a ironia” na escrita de Afonso Cruz que nos “desarma e nos desafia a a pensar”. Aos alunos presentes incitou-os a ler, “porque é um vício que traz benefícios, quer sejam conhecimentos para a vida quer momentos em que a nossa imaginação viaja.”
Em representação da Fundação Caixa Agrícola Costa Azul, Cátia Pereira do Conselho de Administração, sublinhou que a Fundação se associou a esta iniciativa porque “incentiva as crianças e jovens à leitura, divulga a literatura e os autores da atualidade. Sendo um motor de cultura e de conhecimento, que dinamiza a interação entre os jovens e os escritores.”
O escritor Afonso Cruz, acompanhado pelo jornalista João Morales, que moderou o encontro, revelou que antes de ser um escritor é um leitor, “e é dessa avidez por ler que transbordou essa minha vontade de escrever.” Sublinhou a importância da imaginação nas nossas vidas pessoais e profissionais, até mesmo para a nossa sobrevivência. Com muita ironia frisou que a cultura, entenda-se o saber, é essencial para todos e para tudo, “até para saber roubar. Imaginem que entram num museu e como não conhecem as obras de arte mais valiosas acabam por roubar a maçaneta. Porque se forem ladrões educados, não andam na rua, possivelmente podem gerir um banco”. Depois desta provocação, houve tempo para falar do processo criativo do escritor que relevou que “escrevo quando me apetece, porque se me obrigo a escrever, dentro de um horário, passa a ser uma imposição e não um prazer. Eu quero que a escrita continue a ser ócio para mim. Faço arte pela arte.” A conversa rodou, ainda, sobre as marcas que os livros nos deixam, e a importância que têm “para termos ideias e sabermos fazer escolhas na nossa vida.”
Sobre o vício dos livros o autor compreende que “ler é uma tarefa exigente. Requer concentração e exclusividade, não podemos fazer mais nada enquanto lemos”, mas é um vício “que nos dá a imaginação.”
Afonso Cruz, 1971 é um escritor, realizador de filmes de animação, ilustrador, designer e músico português. Publicou mais de trinta livros, entre romances, conto, ensaio, poesia, teatro, não-ficção, e ilustrou outros tantos. Foi distinguido com inúmeros prémios, entre os quais, o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, o Prémio Literário Maria Rosa Colaço, o prémio Autores SPA/RTP, o Prémio da União Europeia para a Literatura. Venceu ainda o Prémio Autores para Melhor Livro de ficção Narrativa, atribuído pela SPA, o Prémio Fernando Namora, o Prémio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil do Brasil (FNLIJ) e o Prémio Nacional de Ilustração. Colaborou com o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias, e escrever mensalmente para o Jornal de Letras, Artes e Ideias, no espaço intitulado Paralaxe. É membro da banda The Soaked Lamb.
O “Viver (com) a escrita” volta no mês de novembro na Escola Básica Professor Arménio Lança, em Alvalade, para um encontro com o escritor Afonso Reis Cabral.